Olímpia do Carmo, ainda exerce!
Nos tempos do arroz de quinze, em que os nossos pais apresentavam na mesa uma sardinha dividida por dois e até por três, os médicos eram pessoas de espírito nobre e sensíveis às misérias dos outros e se necessário passavam a noite inteira ao pé do paciente. Hoje em dia, a profissão de médico já não é o que era.
Olímpia do Carmo obstetra de profissão, representa outra espécie de médico. Fria e calculista, conta mais com o apoio dos outros, do que com ela própria. Quem com ela colabora tem que dar o litro, enquanto ela vai descansar para sua casa. Descarrega todas as suas responsabilidades nos que com ela colaboram e se por acaso ousam chamá-la ao seu posto para uma emergência, ela na sua arrogância de super-médica rebaixa-os de toda a altura da sua pequena e modesta estatura profissional.
Foi isto o que se passou no dia 11 de Fevereiro de 2003.
Isabel Dragada deu entrada no Hospital da Mirandela, por altura das 10:30 horas e Olímpia do Carmo que tinha acompanhado desde o início a gravidez, propôs o internamento e decidiu provocar o parto, pois que a paciente já tinha ultrapassado as 39 semanas. O relógio na sua monotonia, foi avançando vagarosamente e por volta das 17 horas, não vendo nenhuma evolução que anunciasse a chegada do Bebé, a Otília decidiu pura e simplesmente, abandonar o Hospital e ir descansar para casa, fugindo à sua obrigação de acompanhar o parto até ao fim.
Às 20:30 horas, as coisas já se encontravam bastante avançadas e uma das enfermeiras vendo que a parturiente estava muito ansiosa com a ausência da dita médica, contactou-a pedindo-lhe insistentemente que voltasse ao Hospital, porque não estavam a conseguir acompanhar o parto nas melhores condições de segurança. A nossa Otília responde-lhe, que se encontravam duas parteiras no Hospital e que elas eram pagas para apresentarem trabalho.
Entretanto a parturiente exausta pela ansiedade, já não tinha mais forças para ajudar o filho a sair do seu corpo e a criança acabou por ficar encravada no canal de saída, de maneira que só a vinda da médica poderia desbloquear a situação. Não conseguindo resolver o grande dilema que se lhes apresentava, as duas parteiras, a pediatra e a anestesista, resolveram chamar novamente a médica ausente, dando-lhe a conhecer a grave situação em que a criança se encontrava (pois que já lhe começava a faltar o ar) e que nada mais poderiam fazer, sem a sua presença.
Vendo o caldo entornado (desculpem esta expressão), a arrogante Otília lá se dignou apresentar no Hospital com o intuito de resolver aquilo que as “incompetentes” parteiras não conseguiram. O certo, é que poucos minutos depois da sua chegada, o pequeno Gonçalo fruto da negligência dessa médica, nasceu com sequelas graves, provocadas pelo tempo que passou entalado no canal de saída, pois que durante aquela posição, faltou-lhe o ar e por conseguinte a falta de oxigénio no sangue provocou estragos irreparáveis para a vida.
Essa inocente criança, nasceu com paralisia cerebral e epilepsia e com uma incapacidade de 95%, acompanhado dum gravíssimo atraso psicomotor.
Trocado por miúdos, devido à falta grave dessa médica obstetra, esta criança é e continuará a ser, 100% dependente.
Agora, a pergunta é. Como pode uma pessoa daquelas continuar a exercer medicina, com um comportamento que ultrapassa todos os limites do aceitável.
Eu já tenho dito, tanto mal da nossa Justiça. Eu já tenho expressado tanta revolta contra todas as injustiças, cometidas pela nossa Justiça e mais uma vez, esta dita Justiça vem infelizmente dar-me razão. Passados sete anos e com as provas à vista de; não assistência a pessoas em perigo, essa senhora deveria encontrar-se na prisão há sete anos e não, continuar a exercer como se nada se tivesse passado.
Essa espécie de mulher, deve não somente indemnizar fortemente os pais da criança, mas também, ir para a prisão e ser excluída da Ordem dos Médicos. Penso que também, as enfermeiras parteiras não deveriam ser absolvidas como o foram, pois mostraram uma evidente falta de competências e de sangue frio, necessárias nessa situação.
As nossas futuras mães e os nossos futuros filhotes, precisam de médicos competentes mas também de verdadeiros profissionais que nunca deixem um trabalho a meio para irem lanchar, almoçar, irem às compras ou simplesmente tirar uma sesta em casa.
Médicos competentes, com alma e coração, precisam-se urgentemente.
M. A. R. Da Silva