terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Igualdade na dor?

Igualdade na dor?

Estou a escrever, tendo na minha frente um artigo ou documentário, feito por aquele senhor que é bastonário da ordem dos advogados. O tal de; Marinho e Pinto. Esse artigo, veio no jornal do Domingo, 17 de Janeiro de 2010 na “última página”, talvez para limitar o impacto desta absurda enormidade.

O título – A punição dos crimes!

Aquilo que ele próprio conta, passou-se durante um colóquio sobre direitos humanos onde o dito senhor defendia (com veemência) a tese de que mesmo aqueles indivíduos que fazem do corpo dos outros, carne para canhão, deveriam ter um julgamento justo e digno da sociedade em que vivemos, por muito cruéis, hediondos e horripilantes, que sejam os crimes por eles cometidos. Tudo isto, sempre baseado no devido respeito dos direitos e da dignidade humana do, ou dos próprios criminosos e homicidas. Nesse caso, quem defende o direito à vida das vítimas assassinadas?

Ninguém, respondo eu. Se já foram assassinadas, nós não temos o poder de as ressuscitar. O mal foi delas e dos pais, que nunca mais poderão esquecer o trágico destino dos seus entes queridos. Quanto aos pais dos homicidas, esses só terão que esperar no máximo 10 ou 12 anos para reaverem os monstros que criaram. Alguns assassinos têm ainda mais sorte e passam só 6 ou oito anos. Os mortos, são desprezados por todos aqueles deputados que inventam leis, para favorecerem os criminosos.

Leiam e avaliem, a resposta que ele deu a uma senhora que lhe perguntou, sobre a condenação que no seu entender, seria mais justa para um indivíduo que raptou, violou e assassinou uma jovem mulher. A pergunta foi ligeiramente diferente, mas guarda o essencial do conteúdo. Resumindo: A resposta, segundo esse advogado é relativa pois que ela varia segundo a posição das pessoas. Se ele fosse pai da vítima, pediria a pena máxima, se fosse pai do dito criminoso, pediria a pena mínima.

Sendo supostamente um homem de direito, não deveria dar uma resposta dessas pois que desvirtua e descaracteriza a questão. Ele declarou que os pais da vítima ao pedirem a pena máxima, não pedem justiça, mas vingança.

Tudo isto segundo este senhor, para nos dizer que tinha de se ter em conta para se poder julgar com “equidade,” o enorme sofrimento sentido pelos pais da jovem, mas também a grande dor dos pais do criminoso “sequestrador, violador e assassino”, «três hediondos crimes num só corpo», porque segundo ele, esses pais também sofrem e muito, com a detenção e o emprisonamento do seu maléfico rebento.

Trocado por miúdos, esse senhor pesou na mesma balança a dor dos pais da vítima, com a dor dos progenitores do triple criminoso. E não é que na sua balança, ele encontrou a equivalência entre as duas partes? A dor tinha o mesmo peso e a mesma medida, nos dois pratos da sua balança.

Claro que não se pode comparar, a dor sentida pelos pais da jovem, com a dor que possam sentir os pais do rebento assassino. Não há comparação possível, até porque os pais do alegado criminoso poderão sempre que quiserem, visitar na prisão o seu reles descendente, enquanto os outros pais nunca mais verão a filha que um filho da p… qualquer, assassinou. Ele quis argumentar com o humanismo, esquecendo o essencial da questão. Quem vai restituir uma filha, a quem raptaram, violaram e assassinaram barbaramente, aos seus pais?

E o que torna a justiça ainda mais injusta, é que o criminoso assassino, sairá da prisão com menos de metade, ou até um terço da pena a que foi condenado (por bom comportamento), mas a sua ou as suas vítimas, nunca mais sairão do túmulo onde as enterraram. Enquanto isso, por culpa das leis que temos e dos deputados que as votam na AR, o, ou os assassinos, continuam a respirar o ar que cortaram às vítimas, mas pior ainda, continuam a cometer horrendos crimes, enquanto não forem de novo apanhados e o ciclo recomeçar.

Ainda tem alguma coisa para me dizer, sr bastonário da ordem (ou será desordem?) dos advogados? Continua a comparar a dor atroz de quem perde um filho para sempre, com as lágrimas de crocodilo vertidas por alguns (mas muitos) pais desnaturados?

Segundo este profissional de direito, só lhe faltava dizer, que se a vítima não se encontrasse naquele local, não teria morrido e que portanto, a culpa teria que ser repartida e a pena reduzida.

Eu concordo, que os pais sofram quando um filho segue um caminho errado e perigoso (sobretudo para os outros, que não têm culpa das suas opções), mas daí a compará-lo à dor sentida pela perda definitiva de um filho, há uma longa distância, mas pouca justiça.

Já conheci pais que vendiam de dia, aquilo que os filhos roubavam de noite.

Muitos pais, quando descobrem que os filhos andam por caminhos errados, em vez de os denunciarem às autoridades locais (antes que seja tarde de mais) aproveitam-se financeiramente da situação criminosa dos filhos. Muitos, dão-se bem conta dos desvios comportamentais e delinquentes dos filhos, mas deixam andar pois que disso tiram proveito. Outros pais, quando os filhos morrem ao tentar matar quem se defende, processam aquele que ousou defender-se (em legítima defesa) e acabar com essa fonte de rendimentos ilícita, tentando e muitas vezes conseguindo, aquilo que a nossa injustiça permite. Uma generosa indemnização.

Claro que eu até compreendo a opinião desse advogado.

Exercendo ele a rentável profissão de conceituado advogado, imagino que ele já deve ter tido a oportunidade de defender e conseguir ”ilibar” alguns perigosos criminosos, mesmo sabendo que são completamente culpados. Vivendo dependente de casos muitas vezes complicados mas mediáticos, que lhe asseguram uma clientela de cariz duvidoso mas uma consequente prosperidade económica, deduzo que não lhe faltam “clientes” desse tipo de gente.

Se assim for, dou-lhe inteiramente razão pois foi essa a sua escolha! Quanto a mim, não tendo estudado direito, limito-me a dar as minhas opiniões pessoais, que não se acordam minimamente com as dele.

Ao contrário daquele senhor, que como advogado defende o seu ganha-pão (ou deverei dizer, ganha-balúrdios?) «defendendo muitos daqueles que ganham a vida assaltando, roubando, agredindo violentamente as suas vítimas, raptando, violando e assassinando as mesmas com uma violência extrema», eu teria vergonha de defender essa escumalha, principalmente se soubesse que são culpados. Pessoalmente, nunca poderia ser um bom advogado pois que se soubesse que ele é culpado, recusar-me-ia a defendê-lo.

Os meus valores e princípios são o meu maior tesouro e nunca prescindiria deles, sobre o pretexto de encher a minha conta no banco.

É também por isso, que eu detesto advogados e espero nunca precisar de um, que tenha as mesmas opiniões daquele senhor, sobre aquilo que é melhor para a justiça. Eu prefiro uma Justiça com um J maiúsculo e digna desse nome. Uma Justiça digna, mas firme para com os casos de homicídio, violação e crimes de sangue. O simples facto de um criminoso ter uma arma de fogo em sua posse, durante um assalto, mesmo se não se serviu da arma, deveria dar direito a prisão.

Quando passo por uma dessas pessoas (advogado/a), fico sempre com a impressão de que venho de perder o meu dia.

Naquela gíria um bom advogado, é aquele que consegue a condenação da, ou das vítimas, tentando sempre apresentar os criminosos, como inocentes vítimas do sistema, ou da sociedade em que vivemos.

Alguns desses criminosos ainda muito jovens, já possuem um cadastro judicial digno de entrarem na prisão, serem metidos dentro de uma jaula para animais ferozes, de nunca mais de lá saírem, não terem direito a visitas e serem sustentados a pão e água o resto das suas reles e indignas vidas.

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