Amizades
Virtuais!
Venho por este
simples meio, pedir a todas as minhas amizades virtuais (principalmente àquelas
que tenham amizades no Facebook que habitam ou tenham habitado em Leça da
Palmeira, durante os anos 58 a 65) que partilhem o conteúdo a seguir, pois há
muito tempo que ando à procura de uns grandes amigos, sem algum resultado.
Espero desta forma, encontrar alguém que me possa realmente informar sobre o
paradeiro destes amigos do peito.
PS: Aqui vão algumas (poucas)
informações, que talvez possam ajudar. Naquele tempo, o meu Pai era pescador em
traineira e o pai do Luiz, era algarvio e pescador num arrastão (salvo erro), o
Dulcinha.
Quanto ao Manuel Maria, numa das
vezes que fui a Leça e visitei a Mãe dele, ela informou-me que ele tinha emigrado
para a Suíça e que a esposa dele tinha falecido. Ele tinha uma irmã de Sua
graça, Estrela. Do Tone, devo dizer que ele desde muito novo tocava muito bem
gaita de boca ou harmónica. O seu forte, eram as canções do Conjunto Maria
Albertina. Belos e felizes tempos!
AQUI VAI, A MENSAGEM QUE LHES
DEDICO!
Onde estais
amigos? Que saudades!
Sinto enormes saudades ao ponto
de me doer o peito e sentir um aperto no coração, quando recordo os meus companheiros
de juventude de há mais de cinquenta anos. Enquanto limpo algumas lágrimas de
saudade que se desprendem dos meus olhos, revejo nostalgicamente em pensamento esse
grupo de bons rapazes, nos quais eu me incluía e com os quais me entendia
perfeitamente. Tudo boa rapaziada!
Não dá para explicar esse
sentimento de vazio, cada vez que vindo de férias a Portugal e ia propositadamente
de Vila do Conde até a Leça da Palmeira procurá-los e não os encontrava. Voltava
para casa, inundado de uma enorme sensação de tristeza e frustração. Perdi-lhes
completamente o rasto e com o avançar da idade, a esperança de os reencontrar
torna-se a cada dia mais ténue. Não me conformo de ter perdido de vista,
aqueles que marcaram pela positiva os melhores e mais felizes anos da minha
juventude.
São marcas indeléveis e que me
acompanharão para sempre.
Éramos apenas quatro, mas todos
bons; o Luiz que nasceu no Marrocos e que residia numa rua paralela à minha, o
Tone e o Manuel Maria, que habitavam na mesma rua que eu. A Rua dos Heróis de
África junto ao Jardim do Corpo Santo, em Leça da Palmeira! Por vezes, tínhamos
também a companhia do José Raposo que residia na mesma ilha de casas que eu e
que trabalhava nessa altura, na Marina de Leça da Palmeira. Foi nessa rua que
se formou esse grupo unido, que a vida, a profissão ou o destino acabou por
separar. A maior parte do tempo, passávamos horas a fio na nossa rua a jogar à
bola onde o nosso pior pecado (se é que podemos chamar de pecado a isso) era
desrespeitar as leis em vigência naquele tempo.
Naquela época, Salazar tinha
promulgado 2 Leis. Uma Lei que proibia de jogar à bola na rua e outra Lei, de
andarmos pés descalços na via pública. Os nossos pais não obstante as
dificuldades financeiras, foram obrigados a comprar calçado barato para nos
calçar mas estávamos estritamente proibidos por eles, de jogar à bola com o
calçado para não o estragar.
Se os nossos pais nos vissem
jogar à bola com o calçado nos pés, levávamos um enxerto de porrada, mesmo ali
na rua. Éramos crianças de 10, 12 ou 13 anos e o que mais gostávamos de fazer,
era jogar à bola na rua quando o tempo nos permitia. Proibidos pelas leis, de
jogar à bola e andar pés descalços e por outro lado proibidos pelos nossos pais
de jogar calçados, só nos restava uma solução. Infringir essas Leis que nos
impediam de ser crianças! Quando queríamos jogar á bola, deixávamos o calçado
em casa e toca a jogar.
O problema dessa Lei, foi que
Salazar para que as leis fossem respeitadas, implementou multas que iam dos
9$30 até 80$50 (demasiado pesadas para os parcos recursos de famílias numerosas
e carenciadas) tendo acompanhado essas medidas, com o envio de agentes de
Polícia à paisana (sem farda) e de bicicleta para a caça à multa, no intuito de
caçar algum infractor que serviria de exemplo para os outros. Isso na realidade,
não nos impediu de jogar à bola.
Quando chegava o Agente da PSP,
começava o CIRCO.
Ele chegava sempre pela rua
transversal à Rua dos Heróis de África, junto ao Jardim do Corpo Santo. O
primeiro a vê-lo, advertia os outros gritando. Como éramos 4, íamos imediatamente
2 para cada passeio. O agente partia sempre do Jardim em direcção à praia e
como íamos 2 para cada passeio, 2 de entre nós corriam em direcção do Jardim
onde subiam as escadas, enquanto os outros 2 eram perseguidos na direcção da
praia. Como o agente circulava no asfalto com a sua bicicleta, ia-se
aproximando de nós e quando ele se aproximasse demais e pensava ter-nos
alcançado, nós dávamos uma volta de 180 graus e começávamos desta feita a
correr na direcção do Jardim, enquanto o agente continuava embalado na direcção
oposta.
Quando o agente conseguia
meter-se de novo no nosso encalço, já nós nos encontrávamos praticamente em
cima do Jardim e fora do seu alcance. É que o Jardim do Corpo Santo, se situava
num pequeno monte inacessível aos ciclistas. Chegava a ter pena do agente!
Também brincávamos muitas vezes
sobre a relva desse mesmo jardim. Na força do Verão, íamos nadar numa praia no
interior do porto de Leixões, que se situava junto ao molhe Norte logo a seguir
ao cais que delimitava a Marina de Leça.
Recordo-me como se fosse hoje,
que depois de termos concluído a 4ª classe no ano lectivo de 59/60, eu e o
Manuel Maria íamos apanhar o carro eléctrico ao lado do Mercado Municipal de
Matosinhos onde se situava o términos do mesmo, para irmos até à Rotunda da Boavista
e depois seguirmos a pé até à obra, onde éramos moços aprendizes de Trolha.
Éramos todos descendentes de famílias humildes mas honradas e que nos educavam
de forma a não prejudicarmos os outros.
Amigos como já não se fazem. Com
cerca de 18 anos mudei-me para as Caxinas com malas e bagagens, juntamente com
os meus pais e irmãos e perdemo-nos de vista. Se alguém me puder informar pelo
Facebook sobre o paradeiro desses três mosqueteiros, ser-lhe-ia eternamente
grato pelo gesto. Antecipadamente, agradeço qualquer informação que possa
contribuir para um eventual reencontro dos companheiros desencontrados. Fico à
espera!
Manuel Agonia Rodrigues da Silva,
filho do Ti-Zé Brasileiro
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